
Novo estudo do IBGE destaca desigualdades regionais que impactam negociações sindicais
A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2024 trouxe novos recortes geográficos que detalham desigualdades em áreas como renda, trabalho e acesso a serviços básicos no Brasil. O estudo experimental, conduzido pelo IBGE, analisou sete indicadores em 146 estratos geográficos formados por municípios contíguos dentro de cada estado. Essas informações revelam uma realidade complexa que afeta diretamente a atuação sindical e as negociações coletivas em todo o país.
Os dados mostram que, em 2023, a pobreza estava concentrada em regiões como o Vale do Rio Purus (AM), onde 66,6% da população vivia abaixo da linha de pobreza. O nível de ocupação, de apenas 57,6% no Brasil, também foi alarmante em áreas como o Agreste do Rio Grande do Norte, com 37,6%.
Além disso, o acesso a esgotamento sanitário adequado era inferior a 57,7% em várias localidades, principalmente no Norte e Nordeste. Esses indicadores revelam desafios estruturais que refletem nas condições de trabalho e nos direitos dos trabalhadores.
Desigualdades e suas implicações no mundo sindical
As desigualdades identificadas pelo IBGE influenciam diretamente as relações trabalhistas e as demandas sindicais. Em áreas com baixa ocupação e alta pobreza, como o Litoral e Baixada Maranhense, os sindicatos enfrentam maiores dificuldades para articular reivindicações, já que muitos trabalhadores podem estar em empregos informais ou fora do mercado formal.
Outro aspecto importante é a falta de infraestrutura básica, como saneamento e acesso à internet, que afeta tanto a qualidade de vida quanto a inclusão no mercado de trabalho. No Norte do país, por exemplo, menos de 75% da população em determinados estratos tinha acesso à internet em 2023. Isso limita as possibilidades de qualificação profissional, além de dificultar a comunicação entre sindicatos e trabalhadores em regiões remotas.
O papel dos sindicatos em um cenário desigual
Com a publicação desses dados, os sindicatos podem adaptar suas estratégias de negociação coletiva para levar em conta as especificidades regionais. Regiões como o Entorno Metropolitano de Manaus (AM), onde a pobreza ultrapassa 60%, exigem políticas trabalhistas focadas na inclusão e no aumento de oportunidades de emprego formal.
Além disso, as informações sobre educação destacam um grande desafio: em metade dos estratos analisados, menos de 71,1% dos jovens de 18 a 29 anos possuíam ao menos 12 anos de estudo. Para sindicatos de categorias que exigem maior qualificação, essa desigualdade representa um grande obstáculo.
O novo estudo do IBGE oferece um mapa detalhado das desigualdades regionais, servindo como uma ferramenta essencial para o planejamento de ações sindicais mais efetivas. Em um país marcado por contrastes sociais e econômicos, compreender as especificidades de cada localidade é o primeiro passo para construir um diálogo mais produtivo entre trabalhadores, empregadores e governo.
Nathália Pandeló 24999339680 [email protected]