
Mitos sobre emagrecimento ainda atrapalham a saúde das mulheres, alerta personal trainer
Mesmo com o avanço do acesso à informação e o crescimento das academias no Brasil, hoje o segundo país no ranking mundial em número de estabelecimentos fitness, milhares de mulheres ainda enfrentam dificuldade para alcançar resultados consistentes quando o assunto é emagrecimento. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde mostram que mais de 60% das mulheres adultas brasileiras estão com excesso de peso, mesmo diante de um cenário em que, teoricamente, nunca se falou tanto sobre hábitos saudáveis, corpo e bem-estar.
Segundo especialistas, o problema não está apenas no que se come ou no quanto se treina, mas na forma como o emagrecimento é encarado. A mentalidade de punição, urgência e culpa, reforçada há anos por padrões estéticos inalcançáveis, continua guiando a maior parte das tentativas e, justamente por isso, a maioria delas falha. Para a personal trainer Monalyse Dantas, especialista em emagrecimento comportamental, o corpo é, muitas vezes, tratado como um inimigo a ser controlado, em vez de parte de um sistema que precisa de escuta, cuidado e equilíbrio. “A maioria das mulheres acredita que, para emagrecer, é preciso sofrer. Vivemos um ciclo de restrição, excesso e culpa. E isso não apenas não funciona, como adoece”, afirma.
Com experiência prática em centenas de acompanhamentos, Monalyse defende uma abordagem mais profunda e respeitosa, que une corpo, mente e espírito. “Sem esse alinhamento interno, não há constância. E sem constância, não há resultado sustentável. Em vez de buscar fórmulas prontas, é preciso buscar conexão com a própria realidade”, explica a profissional.
Estudos indicam que mais da metade das pessoas que iniciam programas de emagrecimento desistem antes de três meses. De acordo com a personal trainer, isso ocorre por falta de conexão emocional com o processo e pela adoção de metas irreais. “Não adianta ter o melhor plano de treino ou a dieta mais cara se a mente ainda está presa a crenças limitantes. Quando a mulher começa a se cuidar porque se respeita, e não porque se odeia, tudo muda de lugar.”
Outro obstáculo, segundo a especialista, é a pressão silenciosa das redes sociais, que alimenta comparações e distorções de imagem. Um levantamento da USP mostrou que 8 em cada 10 jovens brasileiras têm algum grau de desconforto com o próprio corpo. Para Monalyse Dantas, esse cenário afeta também mulheres adultas, que acabam adotando rotinas exaustivas de treino e alimentação apenas para se encaixar em padrões irreais. “Treinar ou comer bem não pode ser uma tentativa desesperada de aprovação externa. Isso gera ansiedade, baixa autoestima e um afastamento real do que é cuidar de si”, diz.
A personal também alerta para o número crescente de mulheres emocionalmente sobrecarregadas que tentam usar o emagrecimento como válvula de escape. “A saúde precisa ser compreendida como um todo. Dormir bem, respeitar os próprios limites, cuidar da mente e ter tempo de qualidade são partes fundamentais da equação, tanto quanto o treino ou o que se coloca no prato.”
Para quem deseja recomeçar, Monalyse orienta que o foco esteja menos no peso e mais na saúde integral. “Antes de pensar em quantos quilos quer perder, pergunte-se: o que eu quero conquistar com mais saúde? Mais energia? Liberdade? Amor-próprio? Quando essa clareza aparece, o processo deixa de ser castigo e vira transformação”, finaliza.
JOSÉ PATRÍCIO NETO 84992308448 [email protected] https://www.instagram.com/josepatriciosn/